quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Prefácio a Histórias de Meninos do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

O seu a seu dono, não calhou a mim, mas a Vitorino Nemésio, a sorte do achamento. E fora, como me contou, que indo por aí uma tarde, e parando diante da mercadoria de um alfarrabista da rua, lhe aconteceu avistar no estendal um título que achou saboroso: Histórias de Meninos, para Quem não For Criança. Abaixou-se, pegou no livro, examinou-o a folhear, perguntou ao vendedor (talvez o seu amigo Evaristo, que antes tivera loja na Travessa da Queimada) quanto era. Sendo o preço razoável, ficou com ele. Já em casa, sentado a lê-lo, não tardou que desse por belamente aplicados os vinte ou pouco mais escudos do negócio. Pelo menos lá estava (não só!), no livro, cujo autor, nome omisso, se apresentava como um homiziado que sofreu o martírio de estar escondido cinco anos e dois meses» (o tempo da dura do reinado caceteiro desse que uma velha tia minha, pedrista assanhada, filha de um dos Mindelo com Torre e Espada ganha nas lides do cerco do Porto, chamava o Miguel da Carlota), lá estava, dizia, uma pequena obra-prima de humor: o conto do frade que se julgou prenhe.

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