terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Liberal que já era e conhecido como tal, Teixeira Girão foi, na sequência da revolução de 1820, eleito por Trás-os-Montes deputado às Cortes Constituintes. Embora moderado nas suas intervenções, em 1823, sobrevindo a «viradeira», foram prendê-lo a Vilarinho e deportaram-no, na companhia do conterrâneo Manuel Gonçalves de Miranda, também deputado constituinte, para o Algarve. Em 1826, já livre, com a subida de D. Pedro IV ao trono, foi nomeado provedor do Papel Selado e de novo eleito deputado. Mas logo em 1828, com D. Miguel, voltaram as perseguições, e teve de se esconder em Lisboa, para não ir parar ao Limoeiro e a S. Julião da Barra. E foram estes, agora, os cinco anos e dois meses que passou homiziado, quase sempre escondido num desvão de telhado, período todavia o mais fecundo do seu trabalho intelectual, a avaliar pelas obras entretanto escritas e publicadas de 1833 a 1835: além das Histórias de Meninos, a Memória sobre os Pesos e Medidas de Portugal (1833), a já referida sobre a Companhia dos Vinhos (1833), outra sobre a economia do combustível (1834), A Química Ensinada em 26 Lições (1834), Economia Rural e Doméstica, ou Ensaio sobre os Gados Lanígero e Cornígero (2 volumes, 1835), e ainda, tornando, como tradutor, à poesia a que sacrificara antes, a Tradução Livre ou Imitação do Lutrin, ou Estante do Coro, de Boileau (1834). Acrescendo desenhos e pinturas, que nunca deu a conhecer publicamente, mas que fazia desde o tempo em que recebeu lições, em Mateus, de Correia de Matos.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Mas, à semelhança da antiga Fenícia, os portugueses sentiam-se magoados pelo cíngulo da fronteira terrestre. Seus olhos cismadores perscrutavam as amplidões do mar, que se estendiam a oeste e ao sul, o mar que os abastecia como uchão munificente, que os namorava como fonte de incomparável beleza, que os atraía como escrínio de incríveis opulências. Ali, desde o início da sua existência independente, anteviram a rota de glória que lhes marcava o Destino.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Nos bancos verdes, encostados às paredes brancas, cobertas até ao meio por grades de madeira verde, estavam pequenos grupos de pessoas sentadas em frente das mesas verdes.

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Como agricultor, o futuro Visconde de Vilarinho de São Romão nunca se conformou com seguir a rotina. Experimentando e lendo, procurou vencer o atraso dos nossos métodos explorativos, em especial no tocante à viticultura. E daí resultou, em 1822, dar a público a sua primeira grande obra, até há poucas décadas inultrapassada entre nós: o Tratado Teórico e Prático da Agricultura das Vinhas. Homem que sempre foi de à teoria juntar a prática, também conceberia e ofereceu à Academia Real das Ciências, que o recebeu entre os seus sócios, uma máquina de sua invenção, depois divulgada, cujo emprego na fabicação dos vinhos resultava num trabalho mais perfeito e em notável economia de tempo. O mesmo que veio a acontecer com outro seu invento técnico: a supressão do condensador e do balanceiro nas máquinas a vapor de Watt, resultando numa apreciável economia de força e, portanto, de combustível.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

PREPARAÇÃO NAVAL -- INÍCIO DA EXPANSÃO EXTRA-PENINSULAR
Pelos meados do século XII o Condado de Portugal, parcela insignificante da monarquia castelhano-leonesa, dela começou a destacar-se. Barafustando contra as ambições suseranas, foi alargando o exíguo território, em porfiadas batalhas com os mouros, que a esse tempo ocupavam cerca da metade sul da Península. Foi passado mais de um século que o seu quinto soberano, D. Afonso III, firmou definitivamente, com a conquista do Algarve, o domínio da nesga continental, que a sorte circunscrevia à actividade da grei.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

O hall era enorme e tinha no meio uma palmeira nostálgica. A decoração era de 1920, num estilo especial que só existia naquela terra.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

António Lobo de Barbosa Ferreira Teixeira Girão, oitavo senhor e primeiro visconde de Vilarinho de São Romão, nasceu nesta freguesia do concelho transmontano de Sabrosa aos 5 de Novembro de 1785. Filho primogénito e, consequentemente, destinado, segundo o código da época, a suceder na administração de um vínculo a seu pai, teve a boa sorte de este não afinar pelo comum dos seus pares. António José Girão Teixeira Lobo de Barbosa era, de facto, um morgado diferente de quase todos os outros, dado a leituras aré menos ortodoxas, e não só ensinou ele mesmo as primeiras letras ao filho, como o mandou, aos treze anos, às aulas de um reputado mestre de latinidades que vivia perto, em Provesende. Chamava-se este António Pinheiro,e e, além de ensinar ao rapazinho gramática e latim, também lhe ministrou filosofia e retórica. Em 1804, passou António Pinheiro, na companhia de um tio, a Lisboa, e aqui continuou a estudar, aprendendo francês, italiano e inglês e iniciando-se nas ciências física e naturais. Como diz um dos seus biógrafos, A. M. Lopes de Carvalho, «estudou botânica em Lineu, Vandelli e Brotero e foi apaixonado discípulo do grande Buffon». Regressando a Trás-os-Montes, para se ocupar da rica lavoura familiar, ainda decidiu aprender, com um arquitecto de Mateus que se formara em Roma, Francisco Correia de Matos, desenho, geometria e as noções fundamentais de arquitectura. O mais de uma cultura sempre quanto possível em dia ia buscá-lo aos livros da biblioteca que herdara e acrescentava com o melhor do produzido lá fora.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Torna-se especialmente oportuno relembrar as façanhas que deram origem ao moderno imperialismo colonial, no momento em que as florescentes colónias, ou já emancipadas ou ainda dependentes da metrópole, vão atestar os olhos do mundo a acção civilizadora dos dois povos peninsulares e demonstrar que foram eles os mais altos fautores do Renascimento.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Entrava-se pelo hall por uma grande porta que estava sempre aberta.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Já identificado o contista das Histórias de Meninos, Nemésio ainda pensou escrever sobre ele e o seu livro esquecido não obstante as duas sucessivas edições de 1834 e 1835. Como também imaginou representá-lo, com o tal conto do frade prenhe, numa projectada antologia, da qual chegou a falar numa crónica, de contistas, como diria Manuel bandeira, bissextos: desses que, com livro ou até sem ele, uma vez lhes aconteceu, em tema e realização, o grande achado. Mas nem uma nem outra coisa chegou a fazer -- e é pena, pois um daqueles seus ensaios breves mas iluminantes, como os do Conhecimento da Poesia antes saídos em jornais, que valem, mesmo divagantes, o que para sempre nunca darão os logogrifos dos filhos apanhadiços do gálico galimata Sr. Roland Barthes, bem melhor calhava aqui, substituindo-me, à recuperação do Visconde de Vilarinho de São Romão como contista. Mas, como ele não o fez... Ao menos, cumpra-se o do seu a seu dono. Que naquele tempo em que Nemésio me deu conta do seu achado, persistindo eu embora, como até hoje, em procurar a agulha em palheiro dos nossos narradores do Neoclassicismo, não conhecia o autor das Histórias de Meninos senão os livros pelos quais, mas cada vez menos, vem sendo lembrado: como a Memória Histórica e Analítica sobre a Companhia dos Vinhos, Denominada da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, onde vão beber, nem sempre o dizendo, alguns de nome respeitado entre os estudiosos da história económica.

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