domingo, 23 de novembro de 2008

Prefácio a História de Meninos do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Sempre me pareceu estranho, custoso de engolir como verdade total e definitiva, que antes do Romantismo, em todo o período de à roda de oitenta anos da vigência entre nós do gosto neoclássico, não houvéssemos tido, de prosa de ficção, senão O Feliz Independente do Mundo e da Fortuna (1779). E tanto mais estranho quanto ia notando o crescer, desde cerca de 1780, de um real apetite ledor pelos textos narrativos, qual mo mostravam as datas quer das traduções em português, quer das edições originais francesas e, menos, inglesas, que fui topando em velhas bibliotecas domésticas nos Açores e aqui. Um dia, encontrei a não menosprezável Verdadeira História dos Sucessos de Armindo e Florisa (1803), de Rodrigo Marques, máscara heteronímica de Filinto Elísio,e, mais tarde, avulsas adaptações de contos-fábulas por José Agostinho de Macedo e Fialho de Mendonça. E continuei, continuo ainda, convencido de mais haver na babel da edição portuguesa do Século das Luzes, estilisticamente e no fundo alongado até quando a vitória dos liberais se tornou, em 1834, facto irreversível. Só que as buscas, largadas e retomadas várias vezes, não resultavam: os livros não apareciam, nem sequer, tolhidos nisto pela Real Mesa Censória, manuscritos. Até que, vai em vinte e cinco anos...

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