domingo, 29 de março de 2009

O Xaile de Maria Salomé - Bulhão Pato

Recordações de infância!... São gratas, principalmente ao declinar da vida! No Inverno, lembrarmo-nos do bom sol dos dias germinativos da Primavera, anima-nos e aquece-nos!

Navegaçãos dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

A primeira, já encetada e representativa de uma política imediatamente utilitária, consistia no prolongamento do território português pelo Algarve de Além-Mar, que se esfumava para as bandas do sul. Assim se desvaneceria no litoral peninsular a ameaça constante da pirataria berberesca, e se alargaria ao mesmo tempo o domínio espiritual da Cruz sobre as terras africanas, de onde espreitava o crescente islamita.

sábado, 28 de março de 2009

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

E a noite lá fora, com os seus perfumes misturados, com os seus murmúrios e silêncios e as suas sombras e brilhos, parecia o rosto duma promessa.

terça-feira, 24 de março de 2009

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

E pronto (antes que isto tome por onde não deve...), vamos às Histórias de Meninos, estas que já tiveram o condão de deliciar o requintado e desprevenido gosto de Vitorino Nemésio. Com a esperança, minha, pelo menos, de virem a ter, agora reeditadas, mais leitores como ele.


PEDRO DA SILVEIRA


Visconde de Vilarinho de São Romão, Histórias de Meninos -- Para Quem não For Criança, Prefácio de Pedro da Silveira, Lisboa, Perspectivas & Realidades e Biblioteca Nacional, 1985, p. VII-XVI.

domingo, 22 de março de 2009

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Três eram as empresas que ele planeava para grandeza da sua pátria.

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Havia um leve rumor de amores adolescentes. Era como o rumor da brisa. Pois era o princípio da vida e nada ainda nos tinha acontecido. Ainda nada era grave, trágico, nu e sangrento.

sábado, 21 de março de 2009

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Que com este livro singular, em muito aspectos surpreendente, o Visconde de Vilarinho de São Romão tem direito a não ser mais um autor omitido na história da literatura portuguesa, eis o que para mim é ponto assente. Tanto como o considerá-lo, no Neoclassicismo que tivemos (não medíocre assim como dizeis, senhores historiadores da literatura; mesmo na poesia bem superior à do Romantismo), em sua última geração, um dos melhores prosadores. Mas, claro está, as histórias da literatura portuguesa não sou eu quem as escreve, não mando nelas -- e, se mandasse, era para acabar com isso de copiarem Teófilo e depois virem dizer que ele fez mal, quando foi, até hoje, o único (com erros e tudo) que não incorreu, por exemplo, em vícios omissivo-excomungantes, seja à conta de que vaticanos, inquisitoriais ou de asilos psiquiátrios.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

O INFANTE D. HENRIQUE - EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS
O Infante D. Henrique instalou-se no extremo sul-ocidental da Europa, perto do Cabo de S. Vicente, de onde os seus olhos de vidente abrangiam os horizontes para os quais iam as aspirações do seu grande espírito.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Outras vezes, quando não dançávamos, conversávamos em pequenos grupos, sentados nos compridos sofás forrados de verde encostados ao longo da parede.

domingo, 15 de março de 2009

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Para além de serem reflexo entre nós de um tipo de ficções intervenientes, meio realistas meio alegóricas quais as de Voltaire, os contos do Visconde de Vilarinho de São Romão tanto podem tomar-se como continuadores de uma tradição que vem lá de trás, de Trancoso e por aí adiante, como numa genealogia que se continua, e nos seus Trás-os-Montes alto-durienses, com Camilo, que muito é de lá, têm, por aí adiante, o Monteiro Ramalho das Histórias da Montanha e do Dom Tarouco, o Vieira da Costa e Entre Montanhas, mais lá o Campos Monteiro de algumas páginas dos Ares da Minha Serra, até, na outra margem do rio do vinho generoso, o Pina de Morais do Sangue Plebeu e o melhor de Sousa Costa, e de novo a norte, um pouco de Domingos Monteiro (conterrâneo, não esqueçamos, de Monteiro Ramalho), João de Araújo Correia, Guedes de Amorim, Miguel Torga (ali de São Martinho de Anta a escassos vinte quilómetros de Vilarinho), vários mais novos, como Graça Pina de Morais ou A. M. Pires Cabral. Salvas, de facto, as naturais diferenças de ver a vida, de estilos, que o fluir do tempo impôs, parece-me uma genealogia harmónica em seu devir, onde as Histórias de Meninos não figurarão de antepassado pobre. Ou não será assim?

sábado, 14 de março de 2009

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Quem sobretudo se notabilizou nessa empresa foi o Infante D. Henrique, filho segundo de D. João I. É ele que, estimulado porventura pelo êxito, incendido o espírito juvenil pelos problemas geográficos que nesses fins da Idade Média exaltam as imaginações, vai abrir à aventurosa nacionalidade a via radiante, sabiamente traçada, que deve conduzi-la à máxima das glórias e dar à humanidade a posse definitiva da Terra.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Depois respirávamos o perfume das tílias e levantávamos a cabeça para o céu cheio de estrelas e dizíamos:
-- Está uma noite maravilhosa!

terça-feira, 10 de março de 2009

Prefácio a Histórias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Mas ponhamos isto de parte que talvez pouco interesse para aqui. Já se sabe, aliás, que uma mudança no estilo literário ou artístico só se instala e desenvolve quando as circunstâncias do meio, o novo terreno de florescimento, a propiciam. Assim, em Portugal, o Romantismo com a revolução liberal vitoriosa, como já antes o Neoclassicismo sob o Marquês e na sequência do terramoto, sobretudo do banimento dos Jesuítas, seguros esteios do Barroco com seus jogos cultistas e conceptistas já então esgotados de todo conteúdo. (Neste caso, malgré o mesmo Marquês, que, partidário embora do progresso técnico e científico, de modo algum morria de amores pela literatura, nem bem pelas artes, considerada menos úteis.)

domingo, 8 de março de 2009

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Dirigiu-se a armada, sob o comando supremo do próprio rei, à cidade de Ceuta, que facilmente expugnou, a 21 de Agosto de 1415, e que desde então até hoje -- exemplo único na África inteira -- se tem constantemente mantido em poder de cristãos do Ocidente.

sábado, 7 de março de 2009

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

E nós estendíamos o braço e arrancávamos dos ramos uma folha que trincávamos devagar entre os dentes.

Prefácio a Historias de Meninos, do Visconde de Vilarinho de São Romão - Pedro da Silveira

Voltando ao Romantismo, que ainda não tínhamos senão como algo vaga vontade latente em 134-1835, é de acentuar que a este tempo Garrett não dera nem o passo estilístico nem bem o do fundo por se libertar da disciplina neo-clássica. Além do do mesmo Garrett, desde o prefácio do Catão, lembro, ao acaso, um não dispiciendo, assinado com as iniciais G.M. (de quem?) e saído, pouco antes da libertação de Lisboa, no .º 8 do Museu Literário, Útil e Divertido (assim mesmo, ao gosto do tempo...): «Da Poesia Clássica e da Romântica». Como se sabe, também Herculano, em Outubro do ano seguinte, se ocupou disto no n.º 1 do Repositório Literário da Sociedade de Ciências Médicas e de Literatura do Porto; mas, entrando na prática criativa, a «Elegia de Um Soldado», que um mês depois aí publica, tem ainda acentuado sabor neoclássico. Quanto às suas ficções, elas são, como se conhece, mais tardias, nenhuma delas, as depois recolhidas nas Lendas e Narrativas, anterior ao Outono de 1837. De romântico, o que por enquanto se ia podendo ler em português eram traduções, quase todas vindas de Paris e na maioria feitas por Caetano Lopes de Moura: de Chateaubriand desde 1820, com Átala) da Staël,de Walter Scott, de Charles Nodier, etc. Nosso, mesmo nada.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Navegações dos Portugueses - Henrique Lopes de Mendonça

Não são concordes os testemunhos sobre a constituição exacta dessa armada. Não deve porém computar-se em menos de duzentos o número de navios, na sua maioria de remos, suficientes para o transporte de cinquenta mil homens, entre soldados, mareantes e remeiros. Este cálculo nos dá uma indicação, tanto quanto possível precisa, de que, durante os primeiros anos do novo reinado a frota portuguesa se ia reconstituindo e revigorando.

domingo, 1 de março de 2009

Praia - Sophia de Mello Breyner Andresen

Às vezes nos intervalos das danças vínhamos encostar-nos a essas janelas: em frente havia uma casa com grandes paredes brancas, onde o luar ficava azul, e onde se desenhavam, trémulas, inquietas e vivas, as sombras das folhas cheias de gestos.

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